Dis·ci·pli·na [1]
6. Obediência às normas convenientes
para o bom andamento dos trabalhos.
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No atual período onde a liberdade é tão clamada, falar de disciplina parece destoar da realidade. Aqui, não me refiro ao que se compreende por disciplina militar, mas antes ao que poderíamos chamar de disciplina intelectual.
Vigora a falsa noção de que a disciplina
pode ferir a criatividade daquele que está entregue ao trabalho intelectual, tornando-se
um modo de aprisionar as capacidades humanas. Ao passo que se dá voz para este
tipo de afirmação, criamos uma geração de indivíduos crentes de que tudo se
dará de modo disforme, rodeado de uma mágica extraordinária onde as situações
diversas do trabalho intelectual, do esforço e esmero pela aprendizagem, serão
resolvidos sem a necessidade de estabelecer uma mínima rotina. O passo seguinte
é acreditar que o mesmo ocorre na vida prática. O resultado disto é de fácil
percepção.
Contudo, não escrevo para me juntar
aos detratores deste modo rítmico de vida. Há também aqueles que acreditam que disciplina
implica na mais dura imposição de normas. Destes últimos também me afasto e os
renego totalmente.
O uso da disciplina pode ser um fardo
caso não seja bem compreendido (e acredito sinceramente que muitos conheceram-na
da pior forma), porém, pode ser uma dádiva se bem utilizada. Rodrigo Gurgel [2] fala que “a disciplina
é a liberdade do escritor”. De fato, o é.
Uma pessoa devidamente disciplinada
não é aquela que organiza tudo – tudo no mesmo – com cada milímetro calculado. Pelo
contrário! A disciplina permite que o indivíduo conheça bem a si mesmo,
ajudando-o a ordenar as qualidades que possui, somadas aos gostos próprios de
sua personalidade, construindo hábitos em benefício de sua formação e produção
intelectual.
Em suma, podemos dizer que este
comportamento disciplinar nos levará até um método. O próprio Gurgel nos dirá
que “a palavra disciplina pode parecer pesada, mas uso-a no sentido de
comportamento metódico. Sem constância, não há escritor” e continua “a
disciplina liberta a mente para o que mais importa: escrever. O escritor se
prepara, repete seu ritual, sente-se dono do seu minúsculo espaço, comanda
aquele período de horas em que dialogará consigo mesmo. E cria”.
Eu concordo com Rodrigo Gurgel: a disciplina
é a liberdade do escritor!
[1] Cf. http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=disciplina. Acesso em 24 ago. 2020.
[2] Cf. https://rodrigogurgel.com.br/disciplina-e-liberdade-escritor/. Acesso em 24 ago. 2020.
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