Considerações sobre a Educação de Jovens e Adultos na Base Curricular da Rede Municipal de Ensino de Palhoça
Por Jonathan Thiago Legovski
CONSIDERAÇÕES
SOBRE A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
NA BASE CURRICULAR DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE PALHOÇA
Pensar a educação é uma tarefa árdua e exigente,
uma vez que a compreensão e os métodos aplicados irão influenciar a história
concreta de cada pessoa envolvida no processo. Tenhamos como fundamento geral,
em síntese, o seguinte princípio: a ação educacional tem por objetivo, libertar
o indivíduo das amarras da ignorância e de tantos outros algozes (intelectuais
e sociais), auxiliando na sua formação humana integral e o cultivo de
princípios fraternos e não somente tecnocráticos.
Contudo, sabemos que este princípio acima citado
é acompanhado da flexibilidade dinâmica que um determinado contexto pode
submetê-lo. Ora, não há, certamente, contexto mais diversificado que a Educação
de Jovens e Adultos (EJA), haja visto que sua natureza se encontra em
possibilitar a formação educacional de jovens e adultos que por motivos
variados não concluíram este processo, ou mesmo o tenham iniciado.
Cremos que a pergunta que deve ser feita para analisar
a EJA, principalmente no contexto local (município de Palhoça-SC), é: o que a
educação poderá oferecer para estes indivíduos já formados nas perspectivas
humano-afetiva, intelectual (cada qual dentro de suas possibilidades) e social?
E ainda, como o professor deverá se preparar para mediar este processo?
Para que seja possível apresentar uma resposta satisfatória ao problema elencado, consideremos em primeiro lugar, o diagnóstico apresentado pela Base Curricular da Rede Municipal de Ensino de Palhoça (BCRMEPH), pelo qual é possível compreender o retorno destes alunos:
As motivações para o retorno desses alunos são variadas,
sendo que a principal costuma ser a busca de uma melhor posição no mercado de
trabalho. Uma vez na escola, seja ingresso ou reingresso, observa-se a demanda
por distintos processos de ressocialização – os quais são o ponto central no
processo de inserção do aluno. (BCRMEPH, 2019, p. 534)
As mais diversas aspirações são causas
incentivadoras para o retorno dos discentes que, por inúmeros motivos, não
concluíram sua formação no tempo oportuno, conforme as disposições educacionais
vigentes. Neste aspecto, o qual podemos denominar como “macro”, a EJA realizará
uma tríplice função, a saber: reparadora (reparando o direito à educação
outrora negado), equalizadora (oportunizar a inserção do mercado de trabalho,
bem como na vida social e cultural) e qualificadora (garantias de atualização
de conhecimentos ao longo da vida).
De modo particular, tendo em vista as tríplices
funções da EJA, a Rede Municipal de Ensino de Palhoça, por meio de sua
Secretaria da Educação, buscou ao longo dos últimos anos construir uma
identidade própria, criando parcerias com o Governo de Estado. Com isto,
diversas ações foram implementadas, a saber: organização de um currículo que
compreendesse também os aspectos e necessidades do mundo contemporâneo;
disponibilização de alimentação e meio de transporte para incentivar a
permanência dos alunos; processos seletivos para professores da EJA, et cætera.
O aluno da EJA, ao entrar em sala, dificilmente terá
conhecimento de todos estes ajustes burocráticos que permitem a sua estadia em
uma sala de aula. Antes, encontrará ali aquele agente que está na “ponta do
processo”: o professor.
O
professor será aquele que, longe das formalidades burocráticas que estruturam
um complexo sistema, irá auxiliar e mediar a inserção dos discentes em uma
sociedade diversificada, incentivando-os com um olhar humano, solidário e
inclusivo, para que aqueles que lhe foram confiados, alcancem conquistas
acadêmicas e de ordem práticas. O professor deverá também proporcionar para
estes alunos, na medida do possível, um ambiente onde o pensamento crítico seja
integrado ao processo de ensino-aprendizagem.
Por
isto, é importante ressaltar que, em seu planejamento, o docente deverá
considerar o dinamismo próprio da EJA, que surge naturalmente, das mais
pontuadas diferenças sociais, etárias e intelectuais dos estudantes. A Base
Curricular pontua elementos importantes que devem ser considerados:
O planejamento, nesse aspecto, fica distribuído por áreas de conhecimento, para melhor desenvolvimento do trabalho pedagógico, não sendo, necessariamente, um método em si mesmo. O professor poderá utilizar a globalização das áreas do conhecimento, pontuando os objetivos gerais, os objetivos específicos e a metodologia de trabalho. [...] Os múltiplos sujeitos, cada qual com sua trajetória, desafiam o professor a lidar com diferentes níveis de aprendizagem e requer um trabalho feito no sentido do pertencimento de grupo. Nesse sentido, a EJA deve criar condições para que todos sejam incluídos no mundo letrado, por meio de uma educação que prioriza a leitura de mundo atrelada aos saberes científicos sistematizados. (BCRMEPH, 2019, p. 536-537)
LORESENT, Odimar;
FREITAS, Rafaela Maria (org.). Base Curricular da Rede Municipal de Ensino de
Palhoça. Palhoça: Faculdade Municipal de Palhoça (SC), 2019. 765 p
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